sábado, 30 de junho de 2018

Comida global


Festival reúne gastronomia e cultura de refugiados no Rio

Publicado em 23/06/2018 - 17:37

Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil* Rio de Janeiro





Com comidas típicas, performances, artesanato e oficinas, refugiados que vivem no Rio de Janeiro celebraram a cultura de seus países no Rio Refugia, festival gastronômico, cultural e social em sua segunda edição na cidade. Neste ano, o evento foi organizado no Sesc Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro.

Comidas típicas de países como Haiti, Síria, Congo, Venezuela, Índia, Nigéria e Camarões estavam à venda em barracas. O público formou filas para provar iguarias como o as típicas arepas dos venezuelanos, principais solicitantes de refúgio no Brasil, em 2017, ao lado de cubanos e haitianos.

Entre os refugiados da África, o Brasil também recebe oriundos do Senegal, como Amina Nangob, que vive no Rio de Janeiro há seis anos. No evento, ela vendia roupas e acessórios de estilo africano.     

"Eu vim para trabalhar e tentar uma vida melhor do que eu tinha lá. Estou trabalhando muito", disse, sorridente, enquanto atendia clientes em sua barraca. Para Amina, a troca cultural é sempre positiva. "Cada um tem a sua vida, mas eu acho que, às vezes, a gente pode compartilhar as experiências com outras pessoas para melhorarmos".

A assistente social Suelen Felix terminou a graduação com um trabalho sobre refugiados e foi ao festival manter a troca cultural que recomenda que todos busquem: "Acho importante os brasileiros se aproximarem dos refugiados e dos imigrantes. Se a gente olhar a formação do povo brasileiro, tem uma mistura", lembrou Suelen, que acredita que essa é uma forma de combater preconceitos como o racismo que persiste na cultura brasileira

Suelen transformou a experiência em programa de sábado com o namorado, o designer gráfico Guilherme Lopes. "Tudo que tem um viés mais humanitário, a gente gosta muito. E a gente é da umbanda, então, estávamos comprando coisas relativas aos orixás", disse o designer. 

*Colaborou a repórter Tâmara Freire, das Rádios EBC

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Edição: Maria Claudia


sexta-feira, 15 de junho de 2018

É triste demais


Campanha marca o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil

Por Jonas Valente e Andreia Verdélio – Repórteres da Agência Brasil Brasília







Hoje (12), no Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) lança a campanha Não proteger a infância é condenar o futuro, uma parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O foco são as modalidades chamadas de "piores formas" de trabalho, como tarefas relacionadas à agricultura, atividades domésticas, tráfico de drogas, exploração sexual e trabalho informal urbano. Em razão dos riscos e prejuízos, o emprego de meninos e meninas nessas tarefas é proibido até os 18 anos.

Nas demais situações, o trabalho é permitido a partir dos 16 anos, sendo possível também a partir dos 14 anos caso ocorra na função de aprendiz.

De acordo com a assessora do fórum, Tânia Dornellas, mais de 2 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalham no Brasil. “Qual o futuro que essas crianças vão ter? Uma criança que trabalha não tem a mesma concentração e energia que precisa para estudar. Só o fato de o Estado não garantir educação pública de qualidade para todos já é uma agressão. Quando aliado à iniciação precoce ao trabalho, você condena essas crianças”, afirmou.

A consequência é a falta de competência e qualificação necessárias para inserção no mercado de trabalho e, provavelmente, aposentadoria precoce devido às sequelas adquiridas, ligadas às atividades de risco.


No Brasil, nos últimos 10 anos, 236 crianças morreram em atividades perigosas - Arquivo/Agência Brasil

Houve aumento, nos últimos anos, no número de crianças de 5 a 9 anos trabalhando na agricultura, uma das piores formas de trabalho infantil, segundo Tânia Dornellas. “Embora o número absoluto de trabalho infantil seja no meio urbano. Do ponto de vista relativo, nas áreas rurais há menor concentração, mas é onde elas mais trabalham”, disse.

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostra que, em 2015, havia 2,7 milhões de crianças e adolescentes trabalhando irregularmente. 

O objetivo da campanha é chamar a atenção de órgãos públicos, empresas, organizações civis e da sociedade em geral para o problema e fomentar ações que contribuam para o combate a prática, especialmente as de maior impacto para meninos e meninas. As ações da campanha ocorrem de forma descentralizada em vários locais do país.

Dados

Brasil não cumpriu o compromisso da Convenção 182,T da OIT, de erradicar todas as piores formas de trabalho infantil até 2016. O compromisso foi revisto e a meta agora é de erradicar todas as formas da prática até 2025, conforme preveem os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. “Dificilmente vamos atingir a meta”, disse a assessora. "O Estado precisa se voltar para um projeto político que privilegie a inclusão social e reforce a educação de qualidade."

“O que percebemos,nos últimos anos, com a crise política e econômica em que o país entrou, foi um impacto, em toda a sociedade, sobretudo nas famílias em vulnerabilidade social. E uma das causas para o trabalho infantil é a desigualdade social e a pobreza. Mas o que temos visto, com o próprio redirecionamento das políticas públicas, é um enfoque maior no resgate econômico do que na inclusão social”, afirmou.

De acordo com o Sistema Nacional de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, foram registradas 236 mortes de meninos e meninas em atividades perigosas entre 2007 e 2017. O sistema recebeu, no mesmo período, notificações de 40 mil acidentes de pessoas de 5 a 17 anos. Deste total, mais de 24 mil foram graves, resultando em fraturas ou membros amputados.

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Edição: Maria Claudia