quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Miles Davis...



Festival de Berlim: Don Cheadle vira diretor de obra-prima com Miles Ahead

Categoria » Variedades







 Ator fez sua estreia atrás das câmeras no filme sobre Miles Davis



Por RODRIGO FONSECA, do Omelete
Classificado já de obra-prima em conversas de corredor do 66º Festival de Berlim, onde entrou em exibição hors-concoursMiles Ahead tornou-se um dos filmes de maior mobilização de público e crítica do evento alemão deste ano, consagrando a estreia do ator Don Cheadle, o James Rodhes da franquia Homem de Ferro, como realizador. Ele também estrela a produção. A razão de o filme ter virado um fetiche da Berlinale foi o recorte narrativo (corajoso para um estreante) escolhido pelo astro da série House of Lies para reconstituir a vida do trumpetista Miles Davis (1926-1991), um mito do jazz, a partir de um dos períodos mais controversos de sua carreira: uma fase da década de 1970 na qual ele se exilou dos palcos, compondo, mas sem gravar, sob os efeitos da cocaína. A chegada de um suposto jornalista (Ewan McGregor) mexe com sua inércia.

Eu queria fazer um filme que se parecesse com Miles Davis e não um filme sobre Miles Davis”, explicou Cheadle em resposta ao Omelete. “Se fosse para narrar a vida dele, passo a passo, seria melhor fazer um documentário. E, fora isso, a história dele está nos livros. Eu tinha que trazer algo mais. Tentei isso, incorporando seu imaginário à dramaturgia: por exemplo, na cena em que ele e a mulher, Frances, caem, durante uma briga, a queda é retratada  com efeitos de montagem numa metáfora para a queda criativa dele, para sua queda existencial. Tentei também trazer algo de seu jeito de ser, explosivo, trincado e abusado, para a linguagem. E, mesmo na atuação, eu tinha que ‘estar Miles Davis’ e não ‘ser Miles Davis’. Precisava de distanciamento”.

Um dos produtores do longa, Erin Davis, filho de Miles, confessa sua surpresa ao ver a semelhança que Cheadle alcançou ao reproduzir os trejeitos de seu pai. “Ele conseguiu reproduzir a fala rascante do meu pai e seu gingado no jeito de andar, o que não é fácil de alcançar sem cair numa imitação barata”,elogiava o herdeiro do músico.

Embora embalado por música do começo ao fim, com direito a uma participação do pianista Herbie Hancock tocando com o próprio Cheadle ao trumpete, Miles Ahead tem pinta de filme de gangster dos anos 1970, mostrando os perigos em que o jazzista se envolve depois que uma fita com algumas gravações inéditas é surrupiada de seu apartamento. A confusão começa quando ele recebe a visita do (quase) repórter da revista Rolling Stone Dave Brill (McGregor) pedindo uma entrevista. Na conversa com ele e na luta para reaver seus originais, ele acaba se lembrando de sua relação com a dançarina Frances Taylor com quem foi casado de 1958 a 68. O papel ficou com a atriz Emayatzy Corinealdi, elogiada na Berlinale por seu desempenho e sua beleza. Nessas idas e vindas no tempo, o ator retrata Miles com uma caracterização mais polida e uma postura mais elegante.

Eu trabalhei quase sete anos no desenvolvimento desta estrutura narrativa que tiramos do papel buscando o risco. Queria que o meu olhar de diretor tivesse o máximo de intensidade, pois, só assim, eu poderia fazer jus à música de Miles. E esse processo só foi possível porque eu tirei o melhor de cada um dos cineastas com quem trabalhei, como Carl Franklin, Steven Soderbergh, Paul Thomas Anderson, que foi com quem eu mais conversei. Mas, em geral, todos me falaram a mesma coisa: Se joga e boa sorte!’. Mais nada”, brinca o ator, lembrando que chamou McGregor pela necessidade de ter um “astro branco” para ajudar a viabilizar o projeto em sua carreira mundial. “Pois é, isso ainda é uma questão: filmes americanos sobre negros têm dificuldade de circular. Mas eu consegui me ajustar a essa necessidade sem ferir nada do que queria. Esse personagem me ajuda a fazer essa discussão sobre um jeito autêntico de ser. Assim era Miles”.

Nesta manhã, na disputa pelo Urso de Ouro, a Berlinale imergiu em uma experiência cinematográfica radical com uma maratona de oito horas de viagem pelas Filipinas com A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz. Filmado em preto e branco, com uma plasticidade de beleza exótica, justificada por sua abordagem filosófica sobre a identidade de uma nação, o longa abusa de planos longos (de câmera parada) e de uma atuação no limite do teatral para recriar os conflitos coloniais da emancipação filipina do jugo espanhol numa busca pelo corpo do herói de sua libertação. Houve muito entra e sai da projeção, mas a força imagética da produção se impôs, fazendo dele um forte candidato ao prêmio Alfred Bauer, dado a produções que apontem novas linguagens. Os vencedores serão conhecidos no sábado.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Artistas vencedores



Pianista brasileira leva Grammy de melhor álbum na categoria jazz latino
  • 16/02/2016 09h19
  • Estados Unidos
José Romildo – Correspondente da Agência Brasil







A brasileira Eliane Elias levou o Grammy pelo disco Made in Brazil, escolhido o melhor álbum na categoria Jazz Latino Imagem arquivo pessoal/Daniel Azoulay


A pianista e cantora brasileira Eliane Elias ganhou o Grammy com o álbum Made in Brazil, considerado o melhor na categoria jazz latino. Lançado em 31 de março de 2015, o álbum é o 24º da artista – primeiro gravado no Brasil – que se mudou para os Estados Unidos em 1981.

“Estou tão feliz de compartilhar com vocês, meus queridos amigos, que Made in Brazil acabou de ganhar o Grammy de melhor álbum latino de jazz do ano. Obrigado por todo apoio “, disse a artista em sua conta no Facebook. Eliane estava no Brasil, durante a cerimônia, e foi representada por sua filha Amanda.


Taylor Swift com os prêmios de melhor videoclipe, melhor álbum de vocal pop e álbum do ano, no 58º Grammy, em Los AngelesMike Nelson/Agência Lusa

Já a cantora pop Taylor Swift foi a grande vencedora da 58ª edição do Grammy, em Los Angeles. O disco 1989 foi eleito o álbum do ano dos Estados Unidos e, com o prêmio, a artista se torna a primeira mulher a vencer o principal prêmio do evento por duas vezes – em 2010, com o álbum Fearless. O disco 1989 álbum já vendeu seis milhões de cópias nos Estados Unidos.

O Grammy 2016 foi marcado por homenagens a lendas musicais que faleceram recentemente. Lady Gaga fez uma apresentação em homenagem ao artista de rock David Bowie, morto em janeiro deste ano, enquanto Jackson Browne prestou homenagem ao ex-integrante da banda Eagles Glenn Frey, que morreu há menos de um mês.
A canção Uptown Funk, de Mark Ronson, com Bruno Mars nos vocais, foi eleita a gravação do ano. Ed Sheeran ganhou o prêmio na categoria de canção do ano com a música Thinking Out Loud. O prêmio parece ter surpreendido o cantor: "Meus pais vêm me assistir todo ano e toda vez eu perco”, disse.

O cantor de hip hop Kendrick Lamar recebeu 11 indicações ao Grammy – uma a menos que o recorde de Michael Jackson, em 1984 com o álbum Thriller. Ele levou o prêmio de melhor álbum de rap com a obra To Pimp a Butterfly, que já vendeu 800 mil cópias no mercado norte-americano.
 
Edição: Denise Griesinger

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Bethania, Mangueira



Com a quadra lotada, Mangueira comemora vitória no carnaval
  • 10/02/2016 19h23
  • Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil

 Mangueirenses comemoram na quadra da escola o título de campeã no carnaval de 2016 do Grupo Especial do Rio Tomaz Silva/Agência Brasil


A quadra lotada da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, no bairro do mesmo nome, na zona norte do Rio, é a prova da alegria que tomou conta dos moradores da comunidade com a vitória no carnaval deste ano.
Saiba Mais
A escola foi campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro com 269,8 pontos. Com o enredo Maria Bethânia - a menina dos olhos de Oyá, a Mangueira homenageou a cantora baiana Maria Bethânia na segunda-feira (8), no Sambódromo da Sapucaí.
Este é o 18° título da escola, que ganhou pela última vez em 2002.
O carnavalesco Leandro Vieira, que estreou na Mangueira este ano, disse que fazer o carnaval da escola era um sonho que ele não imaginava há dois anos. “Imagina ser campeão. Hoje caiu a ficha: eu sou o carnavalesco da Mangueira”. Vieira disse que já tem algumas ideias para o enredo de 2017, mas não quis adiantar nada por enquanto.
Frequentadora da Mangueira há muitos anos, a contadora Érica Viana vibrou com a vitória de sua escola do coração. “Eu estava confiante que ela ia ganhar. O samba estava muito bom e o enredo também”.
Quem comemorou também foi o gaúcho Raul Oliveira, que vem ao Rio todos os anos para torcer pela Mangueira. “Depois de um jejum de 14 anos, o título é ainda melhor”, disse. 

Edição: Luana Lourenço