Linha de
crédito de R$ 100 milhões vai financiar projetos do setor musical
- 03/05/2016 22h58
- Rio de Janeiro
Cristina
Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Os ministros do Trabalho e
Previdência Social, Miguel Rossetto, e da Cultura, Juca Ferreira, anunciaram
hoje (3) a criação de uma linha de crédito de R$ 100 milhões para inclusão
produtiva de empreendimentos da cadeia da música, chamada de FAT Cultura.
Segundo Juca Ferreira, é a
primeira vez que uma linha de crédito do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é
usada para a área artística e começará pela música atendendo a uma demanda
antiga do setor.
Ministros Miguel Rossetto e Juca Ferreira anunciam
medidas para o financiamento de projetos culturais relacionados à música Cristina
Indio do Brasil/Agência Brasil
Os recursos atenderão a micro e
pequenas empresas com faturamento bruto anual de até R$ 3,6 milhões e
microempreendedores individuais. Segundo o Ministério do Trabalho, os
financiamentos podem chegar a R$ 400 mil por empresa, com prazo de pagamento de
60 meses, com 24 meses de carência e limite financiável de 100% do valor do
projeto.
Os encargos serão estabelecidos
pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), com acréscimo de até 5% ao ano de
custo financeiro. A linha será operada pelo Banco do Brasil e serão admitidas
garantias de fundos garantidores.
Os recursos da FAT Cultura
poderão financiar projetos como aquisição de bens e serviços, pesquisa e
desenvolvimento de produtos, seleção e capacitação de elenco e equipe técnica e
infraestrutura.
Há três restrições para aplicação
do financiamento, segundo Rossetto. “Não é possível, com estes recursos,
comprar imóveis, comprar terrenos ou buscar tão somente capital de giro para
pagar eventuais dúvidas. Todo outro leque que envolve a atividade da música
esta linha poderá absorver e poderá estimular", disse o ministro. Os
financiamentos estarão disponíveis a partir da próxima segunda-feira (9).
Na mesma cerimônia, na Fundação
Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, o Ministério da
Cultura anunciou novas ações para a economia da música; mudanças propostas pelo
Procultura para fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura. Juca Ferreira
defendeu a importância de uma instituição específica para coordenar todas estas
políticas e disse que uma alternativa pode ser a criação de uma agência com
autonomia administrativa. “Acho que é o melhor formato que tem. Está em estudo
no ministério”, adiantou.
Também no encontro foram
assinadas duas instruções normativas sobre direitos autorais no ambiente
digital.
Impeachment
Os anúncios, segundo os dois
ministros, mostram que o governo continua trabalhando, mesmo diante da
possibilidade de afastamento da presidenta Dilma Rousseff, em análise no
Senado. “Esse governo está vivo e foi eleito para trabalhar”, disse Rossetto.
“A gente não sabe o que vai vir
daqui para frente. Mas a gente sabe de que o Estado é um instrumento da
sociedade brasileira, as políticas de Estado não podem estar disponíveis para
serem destruídas e começarem tudo do zero porque isso é uma irracionalidade e
não se justifica”, disse Juca Ferreira, que diz acreditar na continuidade das
medidas na área da Cultura em um eventual governo de Michel Temer.
O músico e compositor Roberto
Frejat, integrante do Grupo de Ação Parlamentar Pro Música, disse que é
obrigação dos artistas do setor lutar pela sustentação das políticas anunciadas
hoje. “O projeto é grande, é ambicioso no melhor sentido que essa palavra pode
ter. Vem ao encontro das demandas que a classe musical vem apresentando”,
disse.
Frejat espera que o projeto seja
de fato uma política de Estado, que possa ser assumida independente de quem
esteja no poder. “Esse projeto é muito mais importante do que as pessoas que
estão à frente do ministério ou da Presidência da República, é um projeto de
Estado. O Brasil tem que aprender que projetos de Estado não podem ser
interrompidos ao bel prazer de seus governantes. Isso aqui é o que o Estado
brasileiro tem para dar à música e a música tem que fazer cumprir isso aí
porque foi fruto de muita discussão.”
Edição: Luana
Lourenço
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