Das ruas
aos palcos: Coral de moradores de rua completa 1 ano e precisa de ajuda
Procurar um abrigo, conseguir dinheiro para comer
algo durante o dia, batalhar por uma forma de aquecer. Tudo isso faz parte da
rotina de uma pessoa em situação de rua, mas desde o ano passado a música
também tem igual peso. O Coral "Uma Só Voz", nascido para acompanhar
a tocha durante a Rio 2016, completa um ano e precisa de ajuda para continuar.
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Sputnik/ Aleksandr Vilf
O projeto original nasceu do evento "With One
Voice", realizado durante as comemorações dos Jogos Olímpicos de
2012, em Londres. Após 20 anos trabalhando com a população de rua, os coristas
londrinos chamaram a atenção de patrocinadores que incentivaram um intercâmbio
com a organização da Rio 2016.
O trabalho, iniciado oficialmente
com uma visita de pesquisa em novembro de 2013, floresceu em um projeto social "Uma Só Voz", cujo ápice
foi uma apresentação aos pés do Cristo durante a passagem da tocha pela cidade.
A ideia sobreviveu ao fim dos Jogos, deixando um belo legado na vida dos quase
400 participantes, que tiveram a vida transformada. Pelo menos 20% deles
conseguiram uma oportunidade de trabalho e cerca de 30% afirmam que ficou mais
fácil sair do vício ou ficar longe das drogas e do álcool quando estão no
Coral.
Tanto sucesso assim, no entanto,
está ameaçado. Passa a euforia com os Jogos, o "Uma Só Voz" precisa
de ajuda para sobreviver. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o
Diretor e Regente do Coral, Ricardo Vasconcellos falou sobre a
"vaquinha" colocada on-line para tentar arrecadar fundos. São quase
R$90 mil necessários para manter o projeto funcionando até janeiro do ano que
vem e destinados ao financiamento de transporte e lanche para os membros dos
corais e custos administrativos e de material de marketing, como as camisetas
utilizadas nas apresentações.
"A população de rua é um
problema global, mas nós acreditamos que a arte é uma grande ferramenta de
transformação de vidas. […] A pessoa que está ali trabalhando com os corais
olha para dentro de si e percebe que é possível. Se a gente definisse o
trabalho do 'Uma Só Voz' seria dignidade, eles deixam de ser invisíveis",
avalia Ricardo.
© Foto:
Reprodução / Facebook
O regente também falou sobre a importância do
financiamento do projeto, que já não conta com os mesmos recursos de quando se
apresentou nas Olimpíadas. A ideia é, uma vez conquistada a estabilidade,
extrapolar a ideia do coral para outros estados, mas Ricardo quer usar da
vaquinha para construir um olhar diferente primeiramente no Rio.
"A população de rua é uma
parcela da nossa sociedade, temos que ter um olhar para essas pessoas, de
respeito por aquela vida que está ali. A gente convoca a sociedade do Rio de
Janeiro para que possamos, de mãos dadas, estar ajudando essas pessoas a
conquistar novas identidades, de ambições e de conquistas e não de
necessidade", pede o regente.
Quem quiser contribuir pode fazer
isso por este link. Os valores das doações começam em
R$10 e vão até R$1000, oferecendo prêmios para quem colaborar com cada faixa de
doação.