Instituto
Moreira Salles adquire arquivo dos Diários Associados
- 25/10/2016 22h54
- Rio de Janeiro
Paulo
Virgílio - Repórter da Agência Brasil
Detentor de importantes acervos
autorais de fotógrafos e artistas brasileiros, o Instituto Moreira Salles (IMS)
acaba de ampliar seu trabalho de preservação nessa área para a fotografia de
caráter jornalístico. A instituição acaba de adquirir o arquivo de três antigos
jornais cariocas que pertenceram à cadeia Diários Associados, império de
comunicação criado por Assis Chateaubriand (1892-1968), dobrando, de 1
milhão para 2 milhões de imagens, o seu acervo fotográfico.
O grupo, que não mais edita
jornais na cidade do Rio de Janeiro, estava à procura de uma instituição que
cuidasse bem do acervo e o IMS manifestou seu interesse em acomodar a coleção.
O arquivo reúne fotos produzidas para O Jornal, criado em 1919,
comprado por Assis Chateaubriand em 1924 e que circulou até 1974, Diário da
Noite, fundado por Chatô em 1929 e editado até 1964, e Jornal do
Commercio, lançado em 1827, incorporado aos Diários Associados em 1957 e
publicado até abril deste ano.
Guardado há três anos em um
prédio no bairro de São Cristóvão, na região central do Rio, o acervo será
transferido no próximo mês para a Reserva Fotográfica do IMS, na Gávea, zona
sul da cidade. O material - cerca de 300 mil negativos e 700 mil imagens em
papel - está bem mantido e organizado como um arquivo de jornal.
Na avaliação do IMS, o conjunto
de imagens mais representativo deve ser o que corresponde ao período entre 1930
e 1970, quando o grupo Diários Associados foi muito ativo e manteve a agência
de notícias Meridional, para atender aos jornais e às revistas que publicava, a
principal delas O Cruzeiro.
Para o coordenador de fotografia
do IMS, Sergio Burgi, as imagens que estão nesse tipo de arquivo transcendem,
em muito, o que foi publicado nos jornais. “Os arquivos têm um material
superior ao que está nas páginas impressas, uma visão mais rica e ampliada. Se
os arquivos não são preservados, perdem-se esse material e essa riqueza”,
disse.
Entre as imagens que se destacam
nos acervos, há importantes conjuntos que retratam o universo cultural carioca
– música, teatro, carnaval –, além de figuras políticas, como Getúlio Vargas,
Carlos Lacerda e outras personalidades que fizeram a história do século 20. “Há
um material muito interessante de esportes, por exemplo, com a documentação da
viagem da seleção brasileira de 1938”, disse Burgi.
Desde 1995, o Instituto Moreira
Salles vem atuando na formação e na preservação de seu acervo fotográfico,
iniciado com as coleções Gilberto Ferrez e de Pedro Corrêa do Lago, dedicadas
ao século 19. O acervo foi enriquecido depois com a coleção do antropólogo
francês Claude Lévi-Strauss, com imagens da década de 1930, e a de Marcel
Gautherot, que retrata o Brasil das décadas de 1940 a 1980.
Edição: Fábio
Massalli