No velório, colegas artistas
destacam a grandeza da atriz Marília Pêra.
05/12/2015 18h51Rio de Janeiro
Paulo Virgílio – Repórter da Agência Brasil
A atriz Marília Pêra participou, em outubro de 2015, do
programa Kinoscope, da Rádio MEC FM, da
EBCAna Paula Migliari/Arquivo TV Brasil
Dezenas
de amigos, em grande parte colegas de profissão, estiveram na tarde de hoje (5)
no velório da atriz Marilia Pêra, que morreu na manhã deste sábado, aos 72
anos, de um câncer no pulmão. O velório ocorreu na casa de espetáculos que leva
o nome da atriz, a Sala Marília Pêra do Teatro do Leblon, na zona sul do Rio.
O
acesso ao teatro foi restrito até às 15h30 a familiares e amigos. Somente a
partir desse horário é que foi permitida a entrada de fãs e de jornalistas,
antecedendo a saída do corpo para o sepultamento, marcado para às 17h no
Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na zona sul carioca.
No
ano passado, já enfraquecida pela doença, Marília Pera dirigiu a atriz Cláudia
Ohana numa remontagem da peça Callas, que a própria Marília havia interpretado
em 1996, sobre a vida da célebre cantora lírica Maria Callas. Ao chegar para o
velório, Claudia Ohana lembrou que, mesmo doente, Marília não perdeu a firmeza.
“Ela estava bem fraca, mas era muito exigente, com o horário, com a fala, com o
texto. Ela era muito firme, mas com a voz calma, sempre doce. Por causa dela,
eu ganhei coragem para fazer um monólogo”, contou a atriz.
Outra
atriz, Joana Fomm, não conseguiu conter a emoção ao falar da colega, com quem
chegou a contracenar em um especial da TV Globo. “A Marília foi uma das maiores
atrizes do mundo”, disse Joana, com a voz embargada. “Ela foi muito bacana
comigo quando atuamos juntas. Também foi muito generosa comigo quando eu estive
doente. Marília era uma pessoa especial”.
A
atriz Nicette Bruno chegou de braços dados com as filhas, as também atrizes
Beth Goulart e Bárbara Bruno. “Marília merece a nossa homenagem por tudo que
fez pelo teatro, pela arte e pelo Brasil”, declarou Beth Goulart, ao entrar
para o teatro onde o corpo foi velado.
Estiveram
também no velório os atores Miguel Falabella, Marcos Caruso e Gracindo Júnior e
as atrizes Arlette Salles, Cássia Kiss e Marieta Severo.
“Estou
pasma com a perda de uma das maiores atrizes brasileiras, quando ainda se
esperava muito dela”, disse a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, em
declaração postada em seu perfil no Facebook. “Acompanhei a carreira de Marília
Pera desde, praticamente, o início e sempre notei nela uma atriz única,
inimitável, com humor, leveza, força e intensidade, com total domínio do
personagem e de tudo que se passava em cena. Era absolutamente sensacional assisti-la
atuando”, afirmou.
Uma
das últimas participações de Marília Pera foi no programa Kinoscope, da Rádio
MEC FM, da EBC no Rio de Janeiro. A entrevista foi feita pelo produtor e
apresentador Fabiano Canosa, em setembro passado na casa da atriz, em Ipanema,
e foi ao ar em 15 de outubro último.
Marília
revelou detalhes de sua trajetória ao apresentador do programa, dedicado à
música feita para o cinema. Canosa abriu o programa com um sucesso de Carmen
Miranda na voz de Marília, que também relembrou as outras cantoras que reviveu
no teatro, como Dalva de Oliveira, Ellis Regina e Maria Callas.
Ainda
no programa, que vai ao ar às quintas-feiras, às 22h, Marilia Pêra falou do
filme Pixote, de Hector Babenco, que lhe valeu em 1981 o prêmio da Sociedade
Nacional de Críticos dos Estados Unidos. Na película, a atriz interpretou a
prostituta Sueli. "Um radialista perguntou se eu era prostituta mesmo. Fui
fazer uma entrevista na rádio e ele perguntou. E eu falei: que elogio!",
lembrou.
Abaixo
o link com o áudio do programa.
Edição:
José Romildo
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